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Postado em 21/02/2014 por admin | Comentários

Vinho da Semana: Aylin Pinot Noir 2011

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Já que o calor resolveu dar uma trégua nos últimos dias, podemos voltar a cogitar os tintos à mesa. Não quero dizer que é impossível desfrutá-los em um dia de calor, mas a atenção na seleção do rótulo e temperatura de serviço devem ser redobrados. Excessos de concentração e madeira ou temperatura da bebida acima dos 18°C podem arruinar o prazer de se beber um vinho tinto.

Por esta razão o vinho da semana é um tinto delicado, fácil de se beber e que pode ser refrescado sem maiores penalidades (normalmente tintos parecem mais tânicos e menos aromáticos quando resfriados). O Aylin Pinot Noir 2011 (R$ 57,00, na Premium Wines, 11-2574-8303) é produzido pela pequena vinícola La Viña, mais conhecida como Polkura, um projeto de dois amigos e enólogos chilenos, Sven Bruchfeld (sim, nascido no Chile) e Gonzalo Muñoz.
Embora a sede da vinícola esteja no vale de Colchagua, cerca de 150 quilômetros a sul da capital chilena, os vinhedos que dão origem a este vinho estão no vale de San Antonio, 100 quilômetros a oeste de Santiago, muito próximo à costa Pacífica. Sven, antes de partir para este projeto familiar, trabalhou como enólogo na gigante Viña Santa Carolina. Isso permitiu conhecer vinhedos com bom potencial qualitativo por diversas regiões do país, como no caso de San Antonio.

Este vale, junto com outras regiões costeiras do Chile estão sendo cultuadas pelos especialistas, por terem clima frio (diferentemente de nós, lá o litoral é sinônimo de clima frio), propício para a produção de vinhos brancos frescos e tintos elegantes. A temperatura média anual de San Antonio é de apenas 13,5°C, condição que seria impossível amadurecer variedades que pedem mais calor, como a cabernet sauvignon ou a carmenère.
O Aylin Pinot Noir possui visual bem clarinho, típico dos vinhos feitos com a pinot noir, casta que alcança sua expressão máxima na Borgonha. Seu aroma é de frutas vermelhas ácidas, como morango e framboesa e no final um sabor que lembra bala toffee, resultado do estágio em barricas de carvalho frânces. Não estranhe se encontrar um sabor levemente salgado, muitos creditam este sabor à maresia que atinge as encostas do vale de San Antonio, e pode ser considerado um “plus” para a sensação de sapidez.

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Postado em 20/02/2014 por admin | Comentários

Quem é quem no mundo do vinho

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Em qualquer área profissional existe uma série de cargos e funções. Seja no direito, publicidade, economia ou medicina, muitas vezes, ligar o nome de cada participante à função gera algumas confusões.

No mundo do vinho e da enologia (ciência que estuda o vinho) existem três termos que costumam criar alguma dúvida: enólogo, sommelier e enófilo.

Enólogo é o profissional que faz o vinho. É a pessoa que trabalha na vinícola e pode acompanhar desde o plantio de uma videira até o engarrafamento do vinho. Normalmente em vinícolas de maior porte, existe a figura do viticultor, responsável pelo campo e todas as práticas relacionadas ao cultivo dos vinhedos, e do enólogo, que atua de forma mais intensa na vinificação das uvas, a partir da colheita e recepção da uva na adega, fermentação, maturação e engarrafamento.

Sommelier também é uma profissão. Sua função é selecionar, conhecer a fundo cada rótulo e executar o serviço do vinho. Normalmente, reconhecemos mais facilmente o sommelier nos restaurantes. Em tese, estes profissionais devem conhecer e escolher os rótulos que figurarão na carta de vinhos, cuidar dos acessórios e executar o serviço do vinho corretamente. Também podemos ver sommelier que trabalham para vinícolas, importadores, distribuidores e lojas de vinho.

O enófilo provavelmente reúne o maior número de membros entre os três grupos. Isto porque enófilo somos nós, apreciadores de vinho, que gostamos em maior ou menor grau de um, diversos ou todos os estilos de vinhos. Nesse caso, não é uma profissão. A curiosidade, interesse e conhecimento do enófilo pode variar, seja amador ou profissional todos pertencemos a este grupo, inclusive enólogos e sommelier são também (espero) enófilos.

Postado em 13/02/2014 por admin | Comentários

O que é Terroir?

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O chileno Pedro Parra, PhD em geologia aplicada à viticultura

Certa vez, o avô de um grande amigo veio em minha direção e perguntou, “o que é internet?” Assim, de forma seca e direta. Não lembro quantas vezes gaguejei até conseguir formular alguma resposta que provavelmente não esclarecia a dúvida daquele senhor. Enfim, disse que o neto dele mostraria posteriormente e na prática, como funcionava a internet. E saí de fininho.

Pois bem, no mundo do vinho também lidamos com alguns termos recorrentes e poucas vezes paramos para pensar seu significado e uso. Uma das palavras que está em seu ponto de saturação é terroir. De origem francesa e aplicada quase essencialmente para vinhos, refere-se a todo conjunto natural presente em um território e sua capacidade de proporcionar características singulares no produto dali extraído. Simples? Traduzindo isto para o mundo dos tintos e brancos significa que clima (sol, luminosidade, chuvas, geadas, ventos…), solo (geologia, composição do terreno, relevo…), videira (variedade de uva, condução da planta, clone, densidade de plantas por hectare, rendimento de fruta por planta…) e o homem (ações que vão do cultivo ao engarrafamento) influem na caracterização de um vinho de terroir.

O chileno Pedro Parra, PhD em geologia aplicada à viticultura, havia comentado comigo em um jantar informal em Santiago (Chile) no fim de 2013 que o terroir é uma questão de escala. Aliás, o geólogo tem uma história interessante. Até concluir seu mestrado na Universidade de Montpellier, na França, Pedro não tinha contato profundo com a viticultura. Até então seu estudo se concentrava na utilização de imagens de satélite para definir a vocação agrícola de determinada região. Quando retornou à França, por uma necessidade econômica (não ganhava tão bem quanto poderia em sua terra natal), se habilitou para obter o título de doutor nas mesma Universidade de Montpellier. Eis que o tema surgiu. O foco de seu doutorado estava no caso do vinho (e vinhedo) Don Melchor, da chilena Concha y Toro. Aproveitando a abordagem de seu mestrado, começou a estudar o vinho a partir do subsolo onde estão as videiras, dividindo o vinhedo em parcelas nada uniformes, conforme as variações do subsolo e comportamento das videiras, quase um tratamento planta à planta. Hoje é um dos consultores de viticultura mais demandados do mundo.

Pedro Parra defende que não se pode falar em um terroir do Chile, por exemplo. Isto seria muito genérico. Mas já começa fazer algum sentido falar em terroir do vale do Maipo, próximo à capital chilena, onde existem certas características únicas daquela região que se manifestam no vinho. Aumentando o zoom nesta região, o conceito de terroir se mostra ainda mais preciso, pois podemos falar da região do Maipo Andes (zona mais elevada e íngreme), em vez de Maipo Entre Cordilheiras (zona plana e mais quente), ou ainda, aprofundando pouco mais poderíamos  comparar as características dos vinhos de Puente Alto com Pirque, duas sub-regiões dentro do Maipo Andes, que pertence ao Maipo, que está no Chile, ufa!

E qual a vantagem de falar em terroir? É um critério de diferenciação e não de estandardização do vinho. Quanto menor a parcela do vinhedo, mais fascinante é observar que diferenças tão sutis de localização podem repercutir tanto na bebida.

Uma proeza e tanto chegar ao fim do texto sobre terroir sem mencionar a Borgonha, o berço deste conceito, aperfeiçoado ao longo dos séculos por monges e agricultores metódicos e observadores. À primeira vista, esta região pode parecer simples de entender, afinal, são apenas duas variedades que dominam o cenário, a pinot noir entre as tintas e a chardonnay entre as brancas. No entanto, ao longo do tempo, os monges e viticultores foram observando como e por que estas variedades se comportam de forma tão diferente nesta faixa de 230 km. de norte à sul e apenas 7 km. de leste à oeste, entre as cidades de Dijon e Lyon. Os estudos e observações resultaram em uma classificação de qualidade dos vinhedos, isto é, da aptidão de um vinhedo produzir vinhos mais complexos e sofisticados. No topo da pirâmide estão os vinhedos “Grand Cru”, que representam apenas 1,4% da área da região. Dali saem os vinhos mais raros e caros. Em seguida estão os vinhedos “Premier Cru”, logo abaixo está o nível “villages” e na base estão os vinhos regionais, apenas descrito como “Bourgogne rouge” ou “Bourgogne blanc”. Em termos práticos, um vinho “villages” pode ser da comuna de Vosne-Romanée, por exemplo. Dentro de Vosne, existe o Vosne-Romanée Premier Cru Les Suchots (também apenas um exemplo) e existe também os Grands Crus La Tâche ou o mítico Romanée-Conti. Muitas vezes são vinhedos minúsculos (alguns com menos de 1 hectare – 10.000 metros quadrados) e vizinhos, divididos por uma viela mais estreita que qualquer rua asfaltada da cidade, que são capazes de produzir vinhos com nuances diferentes de aroma, textura e sabor.

Mas não se preocupe, não é preciso empenhar uma pequena fortuna em vinhos da Borgonha para entender o lado prático do terroir. Você pode começar escolhendo vinhos produzidos com a mesma variedade mas de países diferentes. Na próxima oportunidade, escolha a variedade e o país, mas escolha amostras de diferentes regiões dentro deste país, até chegar aos vinhos com a mesma variedade, da mesma região, mas de produtores diferentes. Mais que estudo, é um bom divertimento.

Postado em 07/02/2014 por admin | Comentários

Vinho da Semana: Bernard Chéreau Muscadet Sèvre et Maine sur lie La Griffe 2012

Os vinhos franceses e seus longos nomes. Antes de tratar desta sugestão para o fim de semana, vale fazer um raio-X do rótulo. Bernard Chéreau é o nome da empresa produtora, isto é, a vinícola que faz a bebida. Muscadet Sèvre et Maine significa que o muscadet (nome da variedade da uva, também conhecida como melon de bourgogne) foi produzido na região de Sèvre et Maine, no entorno da cidade de Nantes, na porção mais próxima ao Atlântico do Vale do Loire. Sèvre e Maine são também os nomes de dois rios que cortam aquela área. Em seguida, a etiqueta traz a menção de “sur lie”, ou “sobre as borras”. A técnica consiste em deixar a bebida após fermentada em contato com os resíduos das leveduras. Com isso, ganha um pouco mais de estrutura e untuosidade, além de alguns aromas das leveduras (um cheirinho agradável que lembra pão). La Griffe é o nome da linha desse branco dentro do catálogo da vinícola. Neste caso, o mais simples, elaborado com vinhas de videiras jovens.

Apresentação feita, pensei e provei este vinho (R$ 58,90, na Enoteca Cavatappi) após constatar que tenho evitado utilizar o fogão (ou qualquer outra fonte de calor), com saladas e pratos frios monopolizando meu cardápio nos últimos dias. Poucos vinhos são tão versáteis, diretos e sem “afetação” quanto os muscadets, e poucos o superam na combinação com ostras, injustamente preteridos pelos Chablis (vinho branco da Borgonha, produzido com a uva Chardonnay) pelos livros e manuais (como nos bons livros da autora americana Karen MacNeil). Este muscadet apresenta notas aromáticas de limão verde, limão-siciliano e sutis notas florais e minerais (talco). Com álcool moderado (12%), tem acidez pulsante, que desperta as papilas gustativas e estimula a saborear peixes e frutos do mar. Se você costuma temperar ostras, saladas e peixes com algumas gotas de limão entenderá a proposta desta bebida, que desempenha justamente o papel da fruta cítrica com mais sabores e menos rusticidade ao mesmo tempo que ressalta o frescor desse tipo de comida. Leve, vai bem gelado. Por isso, não tenha medo de deixar a garrafa no balde com gelo. Mesmo que a temperatura desça abaixo do recomendado (12°C). Com o calor destes dias, em apenas alguns minutos na taça, chegará próximo do ideal.

 

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Postado em 05/02/2014 por admin | Comentários

Época de colheita

A videira é uma planta de ciclo anual e a época de frutificação pode ir do meio do verão até o outono. Os mais conhecedores dirão que no nordeste brasileiro o ciclo é abreviado e conseguem promover duas safras e meia em um ano. É verdade. Também é verdade que no mundo do vinhos existem mais exceções que regras, e por isso, primeiro vamos nos ater às regras. No hemisfério sul, começamos agora a colheita das uvas para produção de espumantes, em seguida, é a vez das uvas brancas para vinho de mesa e tintas para produção de rosés e posteriormente as uvas tintas.

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Uma das poucas máximas que não se pode discordar é a que o vinho começa no vinhedo e que sem boas uvas não se faz um bom vinho (apesar que boas uvas não são garantia de bom vinho). Sempre me lembro das primeiras leituras sobre vinho onde diziam que a videira não gosta de umidade, precisa de água com parcimônia e nos momentos certos, requer calor durante o dia e frio à noite. Umidade ou água em excesso podem diluir a concentração dos frutos e criar condições para o ataque de muitos fungos, calor demais pode acelerar o amadurecimento da fruta, que terá muito açúcar mas pouco sabor e frescor. No caso de frio prolongado as uvas não amadurecerão e o vinho ficará muito ácido, com taninos duros (aquela agressiva sensação de secar a boca) e aromas herbais. Para complicar a vida dos produtores, mesmo em condições climáticas ideais, cada variedade de uva tem um ciclo de amadurecimento. Açúcares, ácidos, taninos e aromas se desenvolvem em ritmos diferentes e cabe ao enólogo determinar o momento da colheita. Aqui está, em boa parte, a explicação para um mesmo vinho ter diferenças ano à ano. Mesmo se tivéssemos um clima idêntico em dois anos, a alteração na data de colheita resultaria em vinhos com ligeira diferença.

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Monitorar e equacionar todos estes fatores é tarefa dos enólogos e viticultores (viticultor cuida do campo, dos vinhedos, e enólogos cuidam da elaboração do vinho e podem acumular as duas funções). No pior cenário, um clima hostil em determinado ano ou uma decisão equivocada na data da colheita, a renda dos próximos 12 meses pode ser comprometida. Produtores mais rigorosos e conscientes chegam a não engarrafar a safra de anos ruins, podendo vender o vinho à granel para outras vinícolas ou engarrafando um segundo vinho, mais barato. São os casos de Daphne Glorian-Solomon, que na safra 2011 decidiu não engarrafar seu principal vinho Clos Erasmus (do Priorato, Espanha) e reclassificá-lo como Laurel, seu segundo vinho, e Château d’Yquem, produtor referência de Sauternes, que decidiu não engarrafar a safra 2012.

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Postado em 31/01/2014 por admin | Comentários

Vinho da Semana: Nederburg Winemaster’s Reserve Noble Late Harvest 2011

O vinho desta semana traz alguns fatos inéditos aqui no Sede de Vinho: é o primeiro vinho sul-africano mencionado, o primeiro vinho de sobremesa (doce) e o nome de rótulo mais longo já visto nestas linhas (por isso vamos chamar de NLH – Noble Late Harvest).

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Sempre que me deparo com um vinho de sobremesa o principal fator que observo é o equilíbrio entre doçura e acidez. Esta é a chave para despertar o interesse sobre sua origem, método de produção e variedades utilizadas. Se alguns vinhos seduzem pelo visual ou pelos aromas, os vinhos de sobremesa conquistam pela boca.
No caso do Nederburg Winemaster’s Reserve Noble Late Harvest 2011 (R$ 82,00, garrafa de 375 ml, na Casa Flora) a doçura é bastante intensa, 200 gr./l de açúcar residual, mas há acidez suficiente para não deixá-lo xaporoso e enjoativo. O vinho é produzido com as variedades chenin blanc (variedade branca típica do Loire, na França) e muscat de frontignan (da família da moscatel), na proporção de 79% e 21%, respectivamente. O termo “late harvest” indica que o vinho foi produzido com uvas colhidas tardiamente. As uvas são deixadas na videira para que amadureçam além do ponto de colheita para um vinho branco seco. As uvas são colhidas num estado próximo da uva passa, com açúcares concentrados (em parte, explica seu preço um pouco mais alto, imagine o rendimento do mosto de uvas passas) e colocadas para fermentar. Ao atingir a doçura desejada, o enólogo interrompe a fermentação (existem várias formas para se fazer isto) e não há adição de açúcar para o vinho ficar doce.
Um “plus” na produção de vinho é indicado pela palavra “Noble”. Isto não significa que o vinho seja nobre, mas que foi atingido pela podridão nobre. O fungo botrytis cinerea costuma atacar os bagos da fruta e provoca micro furos em sua casca. Se a uva já está madura, estes micro furos aceleram a evaporação da água no bago e há uma concentração de açúcares e ácidos. Pode soar estranho, mas as uvas são colocadas para fermentar sem extrair este mofo, que colabora com alguns cobiçados aromas no vinho.

 

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O Nederburg NLH é produzido com uvas de Durbanville cerca de 30 km. à leste da Cidade do Cabo, e de Paarl (uma das principais zonas de produção de vinhos na África do Sul), mais 30 km depois de Durbanville. O visual dourado e viscoso já indica aromas de frutas adocicadas, no caso, damasco, pêssego em calda, abacaxi maduro, mel e algo de cera e resina (efeito da botrytis). Há um bom equilíbrio entre doçura (alta), acidez e intensidade, com texura untuosa. O vinho vale como sobremesa ou pode acompanhar queijos salgados como os azuis e estilo parmesão. Com sobremesas, arrisque uma salada de frutas ou receitas com frutas com caroço, como torta de ameixa ou crumble de nectarinas.

Postado em 29/01/2014 por admin | Comentários

Ponto final para os vinhos orgânicos na Borgonha?

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O produtor Emmanuel Giboulot: na mira da justiça francesa por não usar pesticida recomendado por autoridades

  A Borgonha é considerada berço dos vinhos elegantes, onde a branca chardonnay e a tinta pinot noir alcançaram o status de referência para o mundo. Outra característica da região é a grande fragmentação dos vinhedos e a consequente multiplicidade de produtores. Para exemplificar, o vinhedo grand cru (qualificação máxima de um vinhedo na Borgonha) Clos de Vougeot possui 50 hectares e ao menos 80 diferentes proprietários com parcelas nesta área. Muitos preferem vender sua safra para outro produtor e não engarrafar o próprio vinho, ainda assim são ao menos 60 produtores de vinho somente deste vinhedo. Como se pode imaginar, dentro desta cesta existem os bons, os ordinários e fracos.

Emmanuel Giboulot é um produtor de pequeno porte na Borgonha, com 10 hectares de vinhedos. Praticante da agricultura orgânica desde 1985, Giboulot foi protagonista nas notícias do vinho no início do ano. E não foi por uma boa razão (ao menos, não para ele). Por não comprovar a aplicação de um pesticida sintético nos seus vinhedos, para combater a doença flavescence dorée, está sujeito a uma multa de 30.000 Euros e pena de 6 meses de detenção.

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Panfleto do Ministério da Agricultura francês alerta sobre praga que ameaça os vinhedos da Borgonha

A flavescence dorée é causada por uma bactéria que ataca a videira (e outras plantas) e provoca a secagem das folhas e frutos. Em pouco tempo a videira se torna improdutiva e não há cura. A solução é arrancar a videira e plantar uma nova. Seu efeito é tão letal e de fácil propagação que muitos a tem comparado com a phylloxera, praga que destruiu grande parte dos vinhedos europeus no fim do século XIX. Da mesma forma que a dengue ou a malária, a bactéria que ataca as videiras depende de um agente vetor, um inseto semelhante a cigarra.

O INRA, órgão ligado ao Ministério da Agricultura francês, contabilizou 11,3 hectares de vinhedos que foram arrancados em 2013 em virtude da doença. O mesmo órgão começou uma campanha para obrigar as vinícolas em áreas potencialmente atacadas pela flavescence dorée a aplicar um pesticida sintético nos vinhedos como forma de combater o inseto hospedeiro da bactéria.

Por ser um pesticida sintético, muitos produtores orgânicos ou biodinâmicos, uma cultura ainda mais radical que a orgânica, correm o risco de perder a certificação biológica de seus vinhos. Além de perder o apelo das certificações ecológicas, alguns produtores questionam a eficácia da aplicação do defensivo agrícola, argumentando que o desequilíbrio causado ao meio ambiente já vem causando o aparecimento de outras pragas. O próprio Emmauel Giboulot afirma que a simples apresentação da nota de compra do tal pesticida é suficiente para as autoridades francesas, sem comprovar a aplicação nos vinhedos.

O INRA marcou uma audiência dia 24 de fevereiro com o produtor para decidir o caso.

Postado em 23/01/2014 por admin | Comentários

Boas promoções em importadoras e lojas de vinhos

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Como havia comentado nas perspectivas para 2014, no começo do ano começam as liquidações das importadoras e lojas de vinhos. Tudo bem: a época não é muito propícia para gastos. Mal paguei o IPVA e estou aqui digitando ao lado do recém chegado boleto de IPTU, fora a fatura do cartão de dezembro, seguros etc. Ufa! Por outro lado, quando existe alguma sobra para investir em um momento de felicidade, a época é favorável para abastecer a adega (ou armário).

Em vez de recomendar apenas um vinho para esta semana, vou destacar os que considero ótimas compras nestas promoções. Lógico, existem algumas furadas, como vinhos que já passaram de seu auge ou com preços não tão convidativos.

Apesar de não existir receita para saber exatamente o estado do líquido dentro da garrafa, recomendo observar se não há vazamento de vinho pela rolha ou cápsula, se a rolha não está saltada ou a cápsula estufada e o nível do líquido dentro da garrafa. Por exemplo, se o nível do vinho estiver no meio ou abaixo do “ombro” da garrafa, é melhor fugir. Entre um e dois dedos de distância da rolha é uma margem segura. Outra questão importante, não compre o vinho pelo tamanho do desconto, busque as referências de qualidade e origem dentro da faixa de preço que deseja pagar.

* Os preços já estão com os descontos.

Boutique do vinho 

Dr. Hermann H riesling 2011 – R$ 59,00 (Mosel/Alemanha – branco)

Decanter

Peique Mencía 2010 – R$ 44,04 (Bierzo/Espanha – tinto)

Expand

Morandé Pionero chardonnay 2011 375 ml – R$ 18,24 (Casablanca/Chile – branco)

Morandé Gran Reserva syrah 2009 – R$ 76,00 (Maule/Chile – tinto)

Grand Cru

L de Laffitte Laujac 2006 – R$ 52,50 (Bordeaux/França – tinto)

Côtes du Rhône Pure Garrigue 2011 – R$ 49,50 (Rhône/França – tinto)

Zorzal Sauvignon Blanc 2011 – R$ 35,25 (Tupungato/Argentina – branco)

Tabalí Reserva Syrah 2010 – R$ 42,00 (Limarí/Chile – tinto)

Castellroig Xarel-lo 2011 – R$ 58,10 (Penedés/Espanha – branco)

St Marche

Pinuaga Finca Salazar tempranillo 2012 – R$ 29,90 (Castilla/Espanha – tinto)

Todovino

Domaine La Citadelle Les Artèmes 2005 – R$ 38,94 (Rhône/França – tinto)

Morgado de Santa Catherina reserva 2009 – R$ 72,54 (Bucelas/Portugal – branco)

Vinos & Vinos

VdP Domaine de Cristia grenache 2012 – R$ 45,00 (Rhône/França – tinto)

World Wine

Andeluna 1300 chardonnay 2011 – R$ 25,62 (Tupungato/Argentina – branco)

Carmelo Rodero jovem 2010 – R$ 32,08 (Ribera del Duero/Espanha – tinto)

Huasa de Pilén Alto 2010 – R$ 48,75 (Maule/Chile – tinto)

Frédéric Cossard Bourgogne Pinot Noir Bedeau 2008 – R$ 116,71 (Bourgogne/França – tinto)

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Postado em 21/01/2014 por admin | Comentários

Cabernet sauvignon, a líder nos vinhedos

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Até pouco tempo, falar das variedades viníferas mais cultivadas era um tema fascinante e por uma simples razão: era uma das “pegadinhas” clássicas do mundo do vinho.

Qualquer pessoa com conhecimento médio diria que a cabernet sauvignon ou a chardonnay poderia ser a variedade vinífera mais plantada no mundo dada sua popularidade e incidência nos rótulos que encontramos nas gôndolas (ou na tela do computador). E para espanto de todos, alguém revelaria que a obscura airén era a número 1 da lista, uma uva branca (!) espanhola cujo nome raramente se encontra estampada nos rótulos. Isto porque grande parte de sua produção era destinada à destilação para produção de brandies. Com a queda no consumo de álcool na Europa e incentivo da União Europeia para arrancar vinhedos pouco rentáveis, o ranking de castas mudou de forma considerável.

No fim de 2013, Kym Anderson e Nanda R. Aryal, da Universidade de Adelaide, publicaram um excepcional estudo sobre o tema, com dados atualizados em 2010. E o resultado volta à lógica. A variedade mais plantada no mundo é a cabernet sauvignon, seguida da merlot (2°.), airén (3°.), tempranillo (4°.) e chardonnay (5°.). Segundo os dados da pesquisa, a cabernet sauvignon ocupa uma área de 290.091 hectares, o que significa 6,3% de toda área de vinhedo no mundo.

A pesquisa, com 670 páginas de dados, está focada no cultivo das diferentes variedades viníferas pelo mundo traz ao menos mais dois dados curiosos:

• Portugal é o país onde a viticultura tem maior participação entre todas as culturas de campo, com quase 9% de toda área do país dedicada às uvas para vinhos,

• O Brasil foi o país que teve maior reconversão de vinhedos de uvas brancas para tintas entre 2000 e 2010, isto é, fomos o n°1 na diminuição de vinhedos e uvas brancas e crescimento em tintas (e eu pensava que nossa vocação estava nas uvas brancas para espumantes)

Para quem tiver curiosidade e paciência, o estudo está disponível gratuitamente no site da Universidade de Adelaide.

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Postado em 17/01/2014 por admin | Comentários

Espumante é uma boa pedida para o verão

espumantePode parecer tardio, mas premeditadamente escolhi um espumante para indicar durante o mês de janeiro. Estigmatizado como uma bebida de Natal e Réveillon, este vinhos deveriam ser consumidos incansavelmente por todo verão, sem cerimônias ou ocasiões específicas. Claro que o preço deve estar adequado a esta frequência e temos muita opções na faixa dos R$ 50,00. Quanto à procedência, também existem inúmeras opções. Mas coloco em primeiro plano os espumantes brasileiros, no caso o Maximo Boschi brut Tradizionale 2011 (R$ 56,00, na Casa do Porto).

Hoje já é bem conhecido o potencial para produção de espumantes na região da Serra Gaúcha. Entre as cidades de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul está o Vale dos Vinhedos, onde está a primeira Denominação de Origem para vinhos brasileiros. A grande incidência de chuvas no fim do verão (época de colheita) dificulta o amadurecimento das variedades que possuem um ciclo muito longo de maturação dos frutos, como a Cabernet Sauvignon ou a Carmenère. Para os espumantes, ao contrário, a colheita das uvas é um pouco antecipada, entre janeiro e fevereiro, antes do período das chuvas; daí as melhores condições para a qualidade neste estilo de vinho.

Outro fator importante é o domínio das técnicas de produção por parte dos produtores. No caso de Maximo Boschi, Renato Savaris foi enólogo da Casa Valduga (uma das maiores referências neste estilo de vinho por aqui) antes de iniciar seu projeto autoral. Lembro que a primeira vez que me encontrei com o enólogo estava mais curioso pelos seus tintos, que costuma colocar no mercado com algum amadurecimento em garrafa (mínimo de 2 anos em garrafa). Provei seus curiosos tintos e ao final fui servido com o espumante da linha Speciale. Fiquei impressionado com sua elegância e estrutura, muito acima da média (que é boa) dos espumantes da Serra Gaúcha.

Os espumantes da linha Speciale são um pouco mais caros e raros, na faixa dos 90 reais, mas este brut Tradizionale (apenas 3.000 garrafas produzidas) já é capaz de surpreender e, ainda que dentro de uma faixa de preço com maior concorrência, algumas características o colocam no pelotão de elite da categoria. Feito com uma mescla de 70% de chardonnay com 30% de pinot noir da safra 2011, o brut Tradizionale 2011 é elaborado pelo método tradicional, com segunda fermentação na própria garrafa e 12 meses de contato do vinho com as borras das leveduras. A “fórmula” é razoavelmente comum, mas na taça o resultado é singular. Seu aroma é de frutas secas, maçã e pera, com fermento e biscoito amanteigado. A elegância do perlage (espuma) encanta, com borbulhas finíssimas e nada agressiva, dando a sensação de mousse. A óitma acidez, presente e sem rusticidade, dá a sensação de frescor e chama pelo próximo gole.

Sobre as ocasiões de consumo deste espumante, diria que se encaixa em qualquer momento de um dia ou noite quente, quando se quer sentir aquela sensação de auto-recompensa.

Clique aqui para saber mais detalhes sobre vinhos espumantes.

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